“Durmo com a consciência tranquila. Quem não dorme bem é o Moro”, diz Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista exclusiva para os jornais Folha de S. Paulo e El País nesta sexta-feira (26). Depois de uma longa batalha judicial – a entrevista chegou a ser censurada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – Dias Toffoli, presidente da corte, liberou a entrevista do ex-presidente, atualmente preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Segundo a Folha de S. Paulo, agentes da PF explicaram aos jornalistas e fotógrafos presentes que Lula seria colocado em uma mesa, dentro de uma sala preparada, a uma distância de quatro metros de todos e ninguém poderia se aproximar. Lula comentou diversos assuntos com os jornalistas, como o governo Bolsonaro, a morte recente do neto e até mesmo sobre a possibilidade de nunca mais sair da prisão.

“Eu tenho certeza de que durmo todo dia com a minha consciência tranquila. Quem não dorme bem é o Moro, Dallagnol e o juiz do TRF-4 [que confirmou sua condenação em segunda instância]”, comentou o ex-presidente à Folha. Ele ainda ironizou algumas falas de Sergio Moro, que o condenou pelo caso do triplex no Guarujá: “Sempre riram de mim porque eu falava ‘menas’. Agora, o Moro falar ‘conje’ é uma vergonha”.

O ex-presidente também comentou sobre o governo de Jair Bolsonaro (PSL) e sobre as polêmicas que envolvem a família do atual presidente nos primeiros meses do mandato. Lula ainda pede uma autocrítica da elite brasileira após a eleição de Bolsonaro.

“Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é esse país estar governado por esse bando de maluco que governa o país. O país não merece isso e, sobretudo, o povo não merece isso”, afirmou antes de comparar o tratamento da imprensa com ele e o atual presidente. “Imagine se os milicianos do Bolsonaro fossem amigos da minha família?”, perguntou.

Lula também declarou que deseja conversar com os militares ao sair da prisão para “entender por que esse ódio ao PT”. O petista também disse que acompanha a briga de Bolsonaro com o vice-presidente Hamilton Mourão e afirmou que era grato ao general “pelo que ele fez na morte do meu neto [ao defender a ida de Lula ao velório], ao contrário do filho do Bolsonaro”.

Por fim, emocionado, segundo a Folha, Lula comentou a morte do neto Artur, de 7 anos, há um mês: “Eu, às vezes, penso que seria tão mais fácil que eu tivesse morrido. Porque eu já vivi 73 anos, eu poderia morrer e deixar meu neto viver”.

Estadão Conteúdo
17:09:02