
COM QUASE 4 MIL MORTES em 24 horas e sem um sinal claro de uma queda da transmissão, o Brasil é alvo de um novo alerta por parte da OMS (Organização Mundial da Saúde). Nesta sexta-feira, a entidade fez um apelo para que as autoridades nacionais adotem medidas sociais e insiste que tais ações “funcionam”. A OMS também aponta que as variantes do vírus que gera a covid-19 estão “tendo um impacto” no Brasil.
“Estamos profundamente preocupados (com o Brasil)”, disse Margaret Harris, porta-voz da OMS durante coletiva de imprensa na ONU nesta manhã. Segundo ela, o país está “sofrendo perdas terríveis”. “As medidas sociais funcionam e precisam ser aplicadas”, defendeu. Na última semana, a alta no número de mortes no país foi de 24%, um ritmo duas vezes maior que a média mundial. Os dados também revelam que o país registra em média um terço das mortes diárias no mundo.
A mensagem da OMS ocorre dias depois que o presidente Jair Bolsonaro descartou qualquer ação no sentido de um lockdown. “Sabemos que são medidas difíceis. Mas pessoas precisam apoio para evitar locais fechados, aglomerações”, disse Harris. Ela ainda apontou que o governo precisa agir para identificar onde estão os casos positivos e estabelecer medidas para isolar as pessoas contaminadas. “Essas medidas funcionam pelo mundo”, insistiu Harris, admitindo que as populações estão “cansadas”.
Na última semana, a OMS passou a apostar numa nova relação com o Brasil, diante de gestos de aproximação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Existe, porém, um temor de que a cooperação entre a agência e o governo seja minada por alas dentro do Palácio do Planalto contrárias a um maior envolvimento internacional na crise sanitária brasileira. (Texto de Jamil Chade, colunista UOL)
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