Gesto obsceno e arminha, com análise de Jamil Chade

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Do UOL por JAMIL CHADE
REAÇÃO AO GESTO DE “ARMINHA”
Se o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, dominou as manchetes da imprensa brasileira nos últimos dias por fazer um gesto obsceno a manifestantes em Nova York, ele não foi o único no governo de Jair Bolsonaro a adotar uma postura polêmica. No carro que levava Queiroga, outro ocupante era o chanceler Carlos França que, no momento de confrontar as pessoas que protestavam nas ruas, também reagiu e fez um gesto que foi interpretado como uma suposta “arminha” em direção às pessoas.

ATITUDE RECEBIDA COM INDIGNAÇÃO
A atitude foi recebida com indignação por parte do corpo diplomático, que esperava de França um comportamento mais moderado. Fontes com contatos próximos ao chanceler indicaram, porém, que não houve intenção de imitar um gesto de arma. O que ele supostamente estava fazendo era uma referência para que alguém subisse ao carro onde estavam. Internamente, porém, o gesto acabou mandando uma mensagem dúbia, dando margens para interpretações.

SURPREENDEU ATÉ O GOVERNO
O chanceler substituiu Ernesto Araújo no comando do Itamaraty, depois que o primeiro escolhido para chefiar o ministério no governo de extrema direita abriu uma crise com diversos grupos políticos. Em colapso, inclusive administrativo, o Itamaraty via na escolha de França uma esperança de redução da ideologização da política externa e o fim do sequestro da diplomacia pela ala mais radical do bolsonarismo.

FOI INCOERENTE
Pelo menos duas incoerências foram destacadas. A primeira: o fato de um diplomata cuja missão é contraditória a uma guerra ter usado justamente uma arma para responder aos manifestantes. A segunda incoerência: fazer esse gesto em Nova York e às vésperas da abertura da reunião anual da ONU, organismo criado para tentar silenciar os tambores da guerra.

DECEPÇÃO
Uma parcela dos diplomatas, na condição de anonimato por temer serem punidos por comentários, indicaram que o sentimento do Itamaraty ainda é de “muita apreensão”, além de “incredulidade” de que França tenha sido capaz de fazer o gesto. Houve ainda quem se disse “decepcionado”. “Embora soubéssemos quem o indicou, considerávamos que ele poderia procurar blindar o Itamaraty do radicalismo da extrema direita”, explicou. “Ledo engano”, lamentou.

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