
Na busca por formas de evitar a propagação da dengue, a Prefeitura de Adamantina (SP) firmou uma parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Nesta segunda-feira (22), o município informou a compra de 500 quilos de uma partícula biodegradável feita de amido de milho e óleo essencial de tomilho, capaz de combater as larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor também da febre amarela, da febre chikungunya e do zika vírus, além da dengue.
Conforme a Prefeitura, a Unicamp desenvolveu uma pesquisa sobre o uso de partículas (cápsulas) naturais à base de amido de milho e óleo de tomilho. No momento em que entram em contato com a água que está presente em vasos, pneus, garrafas e entulhos, elas vão liberando os elementos aos poucos e combatendo as larvas. Agora, o estudo científico será realizado em campo em toda a cidade, que tem uma população estimada em quase 34 mil habitantes.
O trabalho mostra que a eficácia das partículas naturais atinge 95% no combate das larvas. “Por serem naturais, as partículas não oferecem risco à saúde humana”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Gustavo Taniguchi Rufino.
A Prefeitura adquiriu 500 quilos do produto, que será aplicado pelo Controle de Vetores. O secretário também salientou que o município receberá um treinamento realizado pelo corpo técnico da Unicamp e, em breve, será aplicado em toda a cidade. As cápsulas duram cinco ciclos de chuva.
“Adamantina foi o primeiro município do Estado a colocar em prática o estudo”, explicou Rufino.
A professora Ana Silvia Prata, que é a responsável pelo projeto, confirmou ao G1 nesta segunda-feira (22) que Adamantina é o primeiro município do Estado de São Paulo a adquirir as partículas.
“O interesse foi da Prefeitura de Adamantina. Vieram até aqui e licenciaram a patente ainda como desenvolvimento”, afirmou a pesquisadora.
Ela explicou ao G1 por que Adamantina é o primeiro município do Estado a adquirir as partículas:
“Justamente porque precisamos dos dados que eles coletarão para nos dar maiores detalhes sobre formas de aplicação. O que temos hoje como garantia são testes em laboratório – com mosquitos selvagens ou não. Mas acreditamos que a aplicação das partículas poderá ter um efeito educador. Ao mesmo tempo, queremos verificar a efetiva participação da população no combate ao Aedes aegypti”.
A pesquisadora pontuou que parceria entre a Unicamp e o município de Adamantina é feita via licenciamento (Inova) e que o estudo visa à coleta de dados com a aplicação das partículas.
“Ainda estamos verificando se faremos em duas etapas: uma com a responsabilidade dos agentes de saúde de garantirem que as partículas sejam aplicadas e outra deixando a cargo da população”, citou.
As partículas serão aplicadas periodicamente (a cada 10 dias) e os resultados (partículas que sobram, dados sobre o efeito na conscientização da população e incidência da doença comparada ao mesmo período no anos anteriores) serão avaliados.
A pesquisadora relatou ao G1 que a partícula veicula um óleo essencial. Em contato com a água empoçada, a liberação do óleo ocorre aos poucos – ao mesmo tempo em que a larva se desenvolve. Quando chega ao estágio de larva, a quantidade liberada corresponde à concentração letal para matar 99% das larvas.
Ana Silvia Prata esclareceu ao G1 que a eventual expansão do uso da partícula para outras localidades dependerá dos resultados desta etapa e do interesse dos dirigentes dos municípios.
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