‘Cometemos alguns erros, mas agora entendemos’, diz italiano

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A tragédia provocada pela pandemia do novo coronavírus na Itália, com cerca de 100 mil casos e mais de 11 mil mortos em pouco mais de um mês, ajudou a cimentar a convicção de que o isolamento social chegou tarde demais.

O governo proibiu deslocamentos não-essenciais em todo o país em 10 de março, quando a Defesa Civil já contabilizava 10.149 casos do Sars-CoV-2, o coronavírus que já invadiu os organismos de pelo menos 800 mil pessoas mundo afora.

Além disso, nos primeiros dias da pandemia na Itália, muitos cidadãos ainda relutavam em aceitar o isolamento social como algo necessário para conter uma doença que ainda era vista como algo distante – cenário que ameaça se repetir no Brasil, onde governos estaduais adotam medidas de confinamento, porém à revelia do presidente Jair Bolsonaro.

“Parece que os italianos cometeram alguns erros, mas agora entendemos que é preciso ficar em casa. Se posso dar um conselho pessoal, seria: adotem todas as medidas de precaução”, diz, em entrevista à ANSA, o agente humanitário Luca Blumer, 38 anos, coordenador do atendimento a solicitantes de refúgio da cooperativa La Fenice.

E o conselho vem de alguém que viveu o drama da pandemia de perto. Blumer mora a poucos quilômetros do hospital de Alzano Lombardo, cidade de 13 mil habitantes situada em Bergamo, que até a última segunda-feira (30) era a província da Itália com maior número absoluto de casos do novo coronavírus.

Atualmente, Bergamo registra 8.664 contágios, um pouco menos que Milão (8.676), a nova líder desse ranking que ninguém quer encabeçar. Segundo Blumer, era “dramático” ouvir o trânsito ininterrupto de ambulâncias em direção ao hospital.

“Os casos agora estão diminuindo, e isso nos dá um suspiro de alívio. Moro a poucos quilômetros do hospital de Alzano Lombardo, e a coisa que mais me surpreende é que tenho ouvido menos ambulâncias. Isso quer dizer que há menos pessoas internadas”, afirma.

A pandemia também atingiu Blumer no nível pessoal. Ele manteve contato com um indivíduo infectado e se colocou em autoisolamento em casa. “Essa pessoa, a quem sou particularmente apegado e com quem trabalho todo dia, está em condições críticas em um hospital. Só de pensar, me faz cair em desespero”, conta.

Ansa
12:55:02

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