Casais buscam plataformas virtuais para discutir e rever relacionamentos

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Em busca de praticidade e para conciliar agendas, cada vez mais casais têm recorrido à terapia online para resolver problemas de relacionamento. A regulamentação para o atendimento psicológico online no País é de 10 de novembro de 2018. E, entre dezembro e julho deste ano, a participação dos casais nos aplicativos que oferecem esse tipo de serviço aumentou até 33%.

Também cresceu o número de profissionais que passaram a oferecer consultas virtuais. Segundo levantamento do Conselho Federal de Psicologia, de 10 de novembro até o fim do ano passado, 1.340 profissionais pediram registro no Cadastro e-Psi, dos quais 1.083 foram aprovados. Neste ano, 9.242 psicólogos fizeram a solicitação e 7.648 obtiveram aprovação. No total, 346.062 psicólogos atuam no País. Segundo a regulamentação, os profissionais precisam realizar um cadastro e não há limites de sessões online.

De dezembro a julho, o número de casais da plataforma Telavita cresceu 12%. “Sempre tem muita desculpa para começar a terapia de casal, como problemas de agenda, e, geralmente, é um dos parceiros que toma a iniciativa. Alguns têm vergonha de fazer terapia de casal e o online quebra um pouco isso, porque pode ser feito dentro da residência”, diz Milene Rosenthal, psicóloga e cofundadora da plataforma. Segundo ela, os problemas apresentados pelos casais no atendimento online não são diferentes. “Eles nos procuram quando estão com muito desgaste e já não têm tanta crença de que a relação vai continuar. A questão da comunicação é um problema frequente, assim como a falta de alinhamento sobre expectativas.”

Há três meses, uma microempresária de 37 anos, que não quis se identificar, resolveu fazer sessões com o namorado. O relacionamento tem pouco mais de um ano e enfrentava problemas de confiança. “Faço terapia online há seis meses e perguntei a minha psicóloga se poderia colocar o meu namorado junto. Era mais uma questão de eu confiar nele, que criava muitos conflitos. A gente estava brigando muito”, conta. “Na primeira vez, já deu resultado e nos aproximou mais. Quando começamos a brigar, ela fez a mediação. É um passo maior na relação, porque a gente acaba falando o que não falaria um para o outro se fosse uma DR (discussão de relacionamento).”

Ela diz que continua realizando o atendimento individual, mas há momentos em que a sessão tem a presença do parceiro. “Quando é sobre o relacionamento, ele participa. A gente usa o celular e faz chamada de áudio. Optei pelo online porque minha vida é bem corrida.”

Fundador da 99Psico, David Reichhardt diz que os casais não costumavam aparecer nos levantamentos internos do público da plataforma. Nos últimos seis meses, isso começou a mudar. “Aumentou a procura de todos os públicos. O casal não aparecia nas estatísticas e, agora, já é uma realidade.” E ele traça o perfil. “Os casais têm até 30, 35 anos. Os mais velhos ainda preferem o presencial.” Entre as vantagens, destaca não ser preciso discutir se o endereço do consultório é mais favorável a um dos parceiros ou dificuldades no horário. Mas também há desvantagens. “Se o casal começa a brigar, pode ser difícil controlar, mas há regras de funcionamento para isso.”

A triagem do FalaFreud, app fundado em 2016, já considera possíveis problemas no relacionamento do usuário. “Se a pessoa falar que é casada, (o app) já pergunta se quer trazer o parceiro para a consulta”, diz Yonathan Faber, fundador da plataforma, que contabilizou aumento de 33% na busca de casais.

Estadão Conteúdo
13:30:02

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