Entre livros, aulas e pesquisas, Messias Ramos Costa se prepara para defender seu doutorado em Linguística, pela Universidade de Brasília (UnB). Enquanto trabalha e participa da entrevista com a Agência Brasil sobre o Dia Nacional dos Surdos, seu cão lhe indica que há alguém batendo na porta. É assim que dribla a falta de audição enquanto comenta sobre o intercâmbio que realiza em Lisboa para que sua pesquisa seja contemplada. “Minha proposta é fazer um projeto mundial de interação entre os países na área de linguística em línguas de sinais.”
Na conversa por videoconferência, Messias conta não sobre a importância do Dia Nacional do Surdo, mas analisa como a comunidade surda passou a ter, cada vez mais, lideranças para lutar por seus direitos.
A rotina de Messias é alternada entre as dificuldades de comunicação ao ir a um banco ou pela novidade de poder consultar com o médico com a participação de um intérprete por meio de um aplicativo de celular. “Antes havia muita confusão, mas devido à luta da comunidade surda, a gente consegue. Fico muito feliz de ter conseguido ter essa interação na área de saúde.”
Ele foi o primeiro professor substituto da disciplina Língua de Sinais Brasileira (LSB), no Curso de Letras do Departamento de Linguística, onde dá aulas há mais de dez anos. Até chegar a um currículo extenso de estudos, voluntariado e projetos premiados, teve que enfrentar uma trajetória onde não havia diretrizes de acessibilidade aos surdos. Da infância à adolescência, cresceu sendo oralizado até que conheceu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) aos 17 anos. “Foi então que eu comecei a me enturmar com a sociedade. Por mais que houvesse desafios, eu conseguia vencer”.
Agência Brasil
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