Fernando Olmo escreve….

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ANJO DA GUARDA
“Crianças são sempre vítimas. E é demasiadamente triste os ocorridos por aí”


Fui conselheiro tutelar em Presidente Epitácio. Estive em dois mandatos, que perduraram de julho de 2008 a janeiro de 2016. Foi a experiência profissional mais difícil da minha vida. Antes de encampar nessa missão, obviamente tinha um pensamento de que as coisas relacionadas às crianças e adolescentes não iam bem – como ainda não vão, agravadas pela pandemia. Sabia que haveria violências e negligências de todas as formas e que precisavam ser cessadas. No ardor do mandato, percebi que as coisas eram piores e a demanda por auxílio desses mais frágeis não parava. Passei a ser um dos personagens das tristes histórias dos menores de idade e de alguma forma tinha que socorrê-los, criar um alívio diante das inúmeras cenas trágicas, constrangedoras, dolorosas. E, para ampará-las, os enfrentamentos se faziam necessários com as famílias e até com autoridades que desviavam-se do cumprimento dos seus papéis.

Acredito que minha ida a esse importante órgão público não tenha sido à toa. Encarei no decorrer da minha trajetória, muitas dificuldades e incompreensões, bem como, tive também aulas de coragem e valentia. Aprendizagens que foram fundamentais para poder ajudar nas abordagens, interpretar situações e compreender o comportamento de crianças e adolescentes.

Não pretendo dizer que todo adolescente é bonzinho ou que são meramente vítimas da sociedade. Mas, há aqueles que são. Essa idade é a da imaturidade e da inconsequência e as famílias precisam bem acompanhar e dar exemplo. Vejo que são poucas as políticas públicas para adolescentes – esportivas, culturais, de formação para o trabalho e para o primeiro emprego. Fase da vida que merece um atendimento mais especial, dado as suas fragilidades, por ser um período de transição entre o ser infantil e o adulto.

Crianças são sempre vítimas. E é demasiadamente triste os ocorridos por aí. Relatos de violências é o que não faltam. E, pelos dados que se apresentam, a pandemia permitiu aumentar os índices de crueldade com os essa faixa etária – e com as mulheres, também. Quando uma criança ou adolescente são agredidos, as feridas não meramente são físicas, mas emocionais também. Isso interfere no desenvolvimento, na compreensão de mundo e no tipo de pessoa que ela se tornará. Inclusive, as violências podem ser desencadeadoras de depressão e até do suicídio.

O perigo está mais próximo do que se imagina. Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) mostram que 80% das agressões físicas contra crianças e adolescentes foram causadas por parentes próximos. Ainda, de acordo com esse braço da ONU, de hora em hora morre uma criança queimada, torturada ou espancada pelos próprios pais.

Proteger a dignidade de crianças e adolescentes é um dever de todos os cidadãos. É inconcebível ter que conviver com violadores de direitos, gentes cruéis e covardes.

Seja um anjo da guarda! Para denúncias, procure o Conselho Tutelar ou disque 100.


*Fernando Olmo é professor da rede pública estadual.
** 4 de junho, dia mundial de combate contra a agressão infantil.

17:22:59

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