Hoje, pude contemplar a vida sob dois prismas distintos.
Em primeiro lugar, passei várias horas em Presidente Prudente nesta quinta-feira. Enquanto caminhava pelas ruas da cidade, deparei-me com um deficiente visual tocando violão na calçada. Como eu tinha tempo de sobra e estava esperando alguém, decidi ficar ali observando aquele músico, seu violão e sua caixa de som. Foram quase cinco músicas e ninguém havia parado para contribuir com uma nota ou uma moeda em sua caixa. Decidi então fazer a minha parte e aproveitar para puxar conversa.
Olá, tudo bem? – cumprimentei.
Sim, estou bem! Obrigado pela contribuição – respondeu ele.
Você costuma tocar aqui sempre? – indaguei.
Sim, venho alguns dias por semana. Nos outros dias, cuido da minha mãe.
E você consegue arrecadar alguma coisa? – questionei.
Sim, é pouco, mas dá para ajudar de alguma forma – respondeu ele com um sorriso.
Você está feliz? – perguntei.
Muito. Ter saúde e poder cantar e tocar meu violão já é o suficiente para mim – respondeu ele com sinceridade.
Saí dali profundamente reflexivo, imaginando como seria a vida dele após um dia inteiro de música na calçada.
Em segundo lugar, pouco tempo depois, entrei na internet e me deparei com uma pessoa reclamando do país e de todas as circunstâncias. Era alguém que eu conhecia. Este indivíduo possui uma camionete, um carrão, provavelmente mora numa casa grande, possui jet-ski, lancha, rancho. É alto, esbelto, de boa aparência, tem saúde e ainda assim reclama…
Moral da história: O indivíduo que aparenta ter pouco, com uma deficiência visual grave e que provavelmente terá que pegar um ônibus para ir embora, afirmou ser feliz. Enquanto isso, o indivíduo abastado…
