É uma obrigação minha escrever sobre Paola Roque. O meu luto por sua partida se expressa nestas palavras.
Acredito que, em toda a minha vida, não troquei mais que cinco frases com a Paola. Sua timidez — talvez apenas comigo — não permitia conversas mais longas. Nossos encontros eram poucos e sempre em ocasiões solenes, justamente nesses momentos em que ela mais me impressionava.
Pouca a via fora dessas solenidades. A maioria das vezes que a encontrava, estava trabalhando. Silenciosa, discreta, presente por causa de sua arte, de seu ofício e de sua paixão: a música.
Vi Paola diversas vezes regendo corais ou tocando para que alguém cantasse. Trabalhou com afinco ao lado de crianças, e lembro com carinho de sua dedicação especial à APAE. Era visível o cuidado, o carinho e o empenho com que tratava cada um daqueles alunos.
Certa vez, enquanto apresentava uma solenidade como locutor, fiquei posicionado atrás do coral da APAE. Cada cantor segurava um chocalho ou outro instrumento simples, que emitia sons diversos. Confesso que, ao anunciar aquela apresentação, pensei que poderia não dar certo. Mas me enganei. Paola estava lá, serena, conduzindo tudo com sua calma e maestria. E o resultado foi lindo — digno dos aplausos mais calorosos daquela noite.
Querida professora nos colégios, que nas salas de aula também encantava. De olhar terno e atento, era capaz de ensinar, acalmar e acolher as crianças com o mesmo amor que levava à música. Isso ficou marcado em cada aluno que passou por suas mãos.
Paola era daquelas pessoas que trabalham em silêncio, mas produzem muito. Não buscava os holofotes, mas sim cuidar das pessoas. E fazia isso com excelência.
Que este texto consiga, ao menos em parte, mostrar o quanto pessoas como ela são essenciais em uma comunidade. E o quanto são agentes do amor e da sensibilidade no mundo.
Sim, vai fazer falta. Muita falta.
Mas a vida é assim. Às vezes, Deus escolhe alguém especial para uma missão ainda maior ao Seu lado. Que a nossa querida professora seja recebida com um coral de anjos, digno da sua sensibilidade, no céu.
Toninho Moré