Ao longo dos últimos 12 meses, a temperatura global média bateu recordes mês após mês, numa série consecutiva “chocante”, como diz o diretor do Serviço de Monitoramento das Alterações Climáticas do programa Copernicus (C3S), Carlo Buontempo.
Maio foi o 12º mês consecutivo em que a temperatura média global atingiu um valor recorde para o respectivo mês. Em maio a temperatura média atingiu 1,52°C acima dos níveis pré-industriais, de acordo com os dados do C3S divulgados nesta quarta-feira (05/06). É o 11º mês acima de 1,5°C.
“Embora essa sequência de meses recordes vá em algum momento ser interrompida, a influência das alterações climáticas se mantém e não há sinais de uma alteração nessa tendência”, afirma Buontempo.
Em 2015, os países do mundo concordaram em limitar o aquecimento global a bem menos do que 2°C acima dos níveis pré-industriais, até mesmo tentando limitá-lo a 1,5°C, no âmbito do Acordo de Paris.
Nos últimos 12 meses, as temperaturas médias globais ficaram 1,63°C acima dos níveis medidos entre 1850 e 1900, antes da industrialização. No entanto, isso não significa que o limite de 1,5°C já tenha sido quebrado, pois o cálculo final das temperaturas médias considera décadas e não anos isolados. Até o momento, estima-se que o aumento da temperatura média global esteja entre 1,2°C e 1,3°C.
O ano de 2023 foi o mais quente já registrado, com as temperaturas elevadas pelas alterações climáticas (que por sua vez são impulsionadas pela queima humana de combustíveis fósseis, como o carvão, o petróleo e o gás), mas também influenciadas pelo fenômeno natural El Niño, que naturalmente aumenta as temperaturas.
Ainda assim, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU, afirmou num relatório, também divulgado nesta quarta-feira, que ao menos um entre os próximos cinco anos, de 2024 a 2028, deverá bater o recorde de 2023.
“Durante o ano passado, a cada troca de mês elevava-se o calor. O nosso planeta está tentando nos dizer algo, mas parece que não estamos ouvindo”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres. “Chegou a hora de nos mobilizarmos, de agirmos e de apresentarmos resultados.” IstoÉ