Comentário
Venceslau não é uma cidade pequena…Ė imensa e sempre vai morar em mim
A cidade em que nasci é uma cidade pequena do interior do estado. Tem a igreja matriz e um jardim na sua frente, que embora judiado, carrega a história de muita gente.
Temos boas escolas, sempre tivemos! E professores que estão e sempre estarão em nossas mais doces lembranças. Temos um comércio que luta muito, comerciantes de muita fibra. Ainda temos as rádios e elas possuem um papel importante na história de nossa cidade. Temos médicos que conhecemos a vida toda, enfermeiros que nos aplicavam injeções desde adolescência.
Temos uma Santa Casa que viu chegar ao mundo milhares de crianças, que ampara os idosos, os ricos e pobres. Corredores que, muitas vezes, nos amparam nos momentos de muita dor.
Santa Casa dos contrastes imensos, paradoxos sem fim. O choro doído de tantas despedidas, o grito contido de tantas feridas e a celebração da vida, a criação!
O começo e o desenredo. Os laços e desenlaces.
É uma cidade pequena, perto daquelas que fomos conhecendo ao longo da vida. Mas, ela tem alguma coisa diferente, na verdade é ela que mora na gente.
Nós conhecemos o dono da padaria, o sorveteiro, o dono da quitanda …
É familiar os rostos que cruzam o as nossas horas. Íntimo olhar que atravessa as nossas memórias. Todas elas!
O tempo passou e nossos amigos ainda estão aqui. Senão fisicamente , em todos os detalhes. Estão nos pátios dos colégios, nos clubes, nas brincadeiras, nas piscinas, nos jogos de basquete, vôlei e futebol, estão andando pelas ruas, atravessando essa avenida em direção ao sol. Vão iluminar nossos dias com a cor mais linda de se ver, colorir todo fim de tarde com a cor de um girassol .
Na cidade em que nasci tinha um Sérgio Pernalonga, tinha o Zé e um Dedé, tinha um Marcos Coca Cola. Tinha um doce Cebolinha, um Paulinho e um Gayé. Tinha também outra Patrícia, essa era Tassinari, ela era tão alegre, que falta imensa que faz. Tanta gente que partiu antes do combinado. Acho que estava tudo escrito, estava tudo destinado.
Dessa vida só histórias ficam a se acumular, de pessoas, de lugares e a saudade a provocar.
Nossa cidade tem muita coisa pra consertar, tem todo um caminho que muita gente ousou pavimentar. Muito foi feito com inteligência e zelo por pessoas que conhecemos bem. Quando ando por essas ruas o sorriso vem naturalmente. Eu conheço essas casas que sempre estiveram aí, as calçadas, as árvores, esses quintais sem fim. Quando penso numa sombra imensa, me vem a mente, os pés de manga do Venceslau Clube. Quantas tardes ensolaradas passamos ali.
Venceslau da minha infância, adolescência e dessa vida orgulhosa por ter nascido aqui.
Patrícia Lopes de Oliveira, é escritora
* Venceslau não é uma cidade pequena…Ė imensa e sempre vai morar em mim.
