‘Pediram minha cabeça’: vereadoras relatam ameaças em cidades bolsonaristas.

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As vereadoras Maria Tereza Capra (PT), Graciele Marques dos Santos (PT), Giovana Mondardo (PC do B ) e Iasmin Roloff (PT). Imagem: Câmara Municipal de São Miguel do Oeste e Reprodução/Facebook

(uol) Vereadoras de esquerda em cidades onde Jair Bolsonaro (PL) venceu Lula (PT) nas eleições contaram ao UOL Notícias como tem sido o trabalho de oposição desde que o petista foi eleito presidente.

Minorias em Câmaras compostas sobretudo por homens de partidos aliados de Bolsonaro, elas afirmam que tiveram que mudar suas rotinas por medo de intimidações e que evitam falar sobre a política nacional com os colegas — além de serem alvo de ameaças e pedidos de cassação.

Tive que deixar a cidade
A vereadora Maria Tereza Capra (PT), 53, diz que precisou deixar São Miguel do Oeste (SC) no início de novembro devido às ameaças que recebeu, após criticar supostos gestos nazistas que ocorreram durante um ato contra a derrota de Bolsonaro na cidade.

Ela é a única representante da esquerda na Casa, que só tem duas mulheres entre 13 vereadores. Desse total, 11 assinaram uma moção de repúdio contra Maria Tereza, criticando-a pela forma como se referiu ao “ato cívico e pacífico” realizado na cidade.

Vencemos o Bolsonaro, mas não o bolsonarismo
Única petista e única mulher entre 15 vereadores de Sinop (MT), Graciele Marques dos Santos, 37, foi atacada ao menos duas vezes por grupos de manifestantes golpistas em sessões na Câmara no fim do ano passado.

O motivo: uma fake news que circulou em grupos de apoiadores de Bolsonaro de que a vereadora iria protocolar um projeto de lei para retirar na cidade os acampamentos pró-golpe de Estado.

A cidade, um dos principais pontos do agronegócio no país, é também um reduto bolsonarista e registrou diversos atos golpistas no após as eleições.

Graciele diz que já teve seu o carro riscado duas vezes e precisou ir cinco vezes na delegacia para registrar ocorrências, duas por ameaças de morte.

Ela é defensora da pauta LGBTI+, do combate ao racismo e da não privatização da educação e da saúde, pautas que, segundo ela, “incomodam demais”.

Arrancaram o adesivo de meu carro
Única mulher e única petista entre 15 vereadores de Canguçu (RS), Iasmin Roloff, 25, já teve que lidar com o machismo no trabalho. Em 2021, foi eleita contra a própria vontade para ocupar o posto de segunda vice-presidente para “embelezar” a mesa diretora.

Nas últimas eleições, ela disse que adesivos do PT foram arrancados de seu carro e que o veículo de um amigo, com adereços do partido, foi vandalizado um dia depois do segundo turno.

Segundo Iasmin, o combinado entre os vereadores agora é não discutir a política nacional e tratar apenas de assuntos do município — já que, diz ela, “os ânimos na cidade seguem” acirrados depois Lula tomou posse.

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Agência Moré de Notícias