Patrícia Lopes de Oliveira escreve….

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Reflexão
NESSA EQUAÇÃO DA VIDA O AMOR É QUEM SEGURA O FARDO E ILUMINA OS DIAS


Como olhar pra vida com mais calma. Se tudo sempre foi uma tempestade. Me antecipo aos riscos. Me protejo!
Eu sei da necessidade de aportar. Mas não jogo a âncora. Não paro, não cesso, não descanso!
Vivo o paradoxo de que se parar eu morro.

E nesse momento diante da necessidade da pausa, do interregno, do recesso de mim mesma. Aprendo que silêncios são necessários. Que Deus às vezes nos pega no colo e canta uma canção de ninar.
Então percebemos que falar de amor é um processo que precisa começar com nós mesmos. Precisamos de paz e equilíbrio. Precisamos nos respeitar, nos acarinhar e acalmar.

Mas eu vejo longe!
Meu coração desassossegado
enxerga as planícies mais distantes. Eu vejo a criança que precisa de incentivo, de livros, de lugar adequado para estudar. Eu vejo olhar da criança que tem fome de tanta coisa. O almoço não foi suficiente. Falta uma roupa mais bonita, um tênis, um brinquedo. E na falta de coisas que o dinheiro pode comprar. Sobra o abandono de quem pode e deve cuidar.

Como resolver o problema da miséria tão próxima? Como não olhar nos olhos dos idosos. Aqueles que agora caminham com dificuldade. Peso de um tempo de tantas lutas. Quantas necessidades eles tem. São remédios, alimentos diferentes e, principalmente, amparo e amor.

E esse meu corpo que pede descanso contradiz a mente que pede justiça, que pede ajuda, que pede socorro para aqueles que precisam.
Me incomoda a situação dos que sofrem. Seja eles quais forem.

Me incomoda a chuva, essa benção que é festa para a natureza. Mas que representa o medo para aqueles que convivem com a falta de galerias ou a adequação das que existem. Pessoas, que esperançosas, compraram suas casas, e agora convivem com a insegurança porque buracos enormes aproximam-se de suas residências. Porque num dia de descanso são obrigados a lutar contra a água que invade sem dó nem piedade.

Me entristece a situação de tantas pessoas no Brasil que moram em áreas de riscos. Tudo muito triste!

Aí me lembro
Eu preciso desacelerar. Preciso me acalmar. Preciso não ligar.
Preciso não me importar.

Mas quis a vida que meus sentimentos fossem diferentes. Eu penso nos outros! Dói em mim a dor do próximo. E dói de forma voraz. Nunca precisei de cargos ou funções para tentar ajudar esse ou aquele. Nunca pedi nada para mim para nenhuma autoridade constituída. Sempre me vali da minha cidadania.

“Cidadania, condição de pessoa que, como membro de um Estado, se acha no gozo de seus direitos que lhe permitem participar da vida política”

Nessa equação da vida o amor é quem segura o fardo e ilumina os dias.

Eu vi a vida refletida no olhar do tempo. Passou rapidamente feito vento abraçando as colheitas nos verdes campos. Eu senti o espaço da ausência e da presença.
Diante da dor e do medo.
Diante da constatação da nossa fragilidade.
Deus nos presenteia com a capacidade de ver o essencial. E o essencial é tão simples. É voltar para dentro de nós mesmos e buscar a possibilidade de reescrever novas histórias.

Não mais se importar com coisas tão banais. Não mais a raiva, a mágoa, a indiferença, a arrogância. Sentimentos que nos arrastam para um lugar escuro dentro de nós mesmos. Erramos ao longo da vida. Erramos muito!

Mas a boa notícia é que existe dentro de cada um de nós um lugar cheio de afeto, de boas lembranças, de risos soltos, de compreensão, de paz, de amor pelo outro e por nós mesmos. Esse lugar precisa ser revisitado algumas vezes.

O tempo nos enreda por tantos caminhos. E as vezes na tentativa de acertar acabamos por errar muito. E muitos tornam-se indiferentes quando podem fazer muito pelos outros, por si mesmos e pela nossa cidade.

Às vezes um gesto salva uma vida. Às vezes um olhar de compaixão muda a história de uma pessoa. Muda nossa própria trajetória.

Nada é o fim do mundo enquanto estamos aqui. Podemos reinventar nossa história. Construir uma nova narrativa.

Volto no tempo para recomeçar. Não quero nada a partir daqui. Não quero apagar os desacertos. Quero pensar que sequer existiram. O novo precisa de frescor, ânimo e exuberância.

Com o tempo aprendemos que não viveremos todas as alegrias e nem cometeremos todos os erros. É preciso aprender com as pessoas, com os fatos. Ter a simplicidade e a sensatez de observar. E observar sem estar a imaginar, a fazer conjecturas.

Nos entressonhos da vida as vezes é preciso desembarcar. Deixar a presunção de lado. Afastar qualquer resquício de vaidade, de orgulho, de empáfia, de esnobismo e de ostentação.

Ainda não sei me abstrair das tristezas que afligem a minha alma. Dessa minha preocupação com tantas coisas inevitáveis. Ainda não compreendo o ódio gratuito de algumas pessoas com as outras.

Ainda não concordo que a política nacional ou estadual cause inimizades aqui em nossa cidade. Precisamos juntar forças para corrigir os problemas e achar as soluções para que o futuro seja de grandes realizações para as próximas gerações.

Sejamos superiores diante de coisas tão bobas.
Aprendamos a passar por cima das diferenças. Aprendamos a olhar cada semelhante com todo o nosso amor. É possível! É necessário!

Aprendamos a perdoar!

Diante da possibilidade da partida definitiva de nossas vidas. Parece que temos uma lente de aumento sobre tudo. E aí percebemos que nem tudo foi o que imaginávamos que fosse. Mas se ainda tivermos tempo, que nosso olhar atravesse tudo em busca de momentos felizes. Na construção de memórias que se tornarão inesquecíveis.

De repente um vento brando e intermitente em nossos pensamentos. Aragens de uma vida! Diante da linha que pode separar a lucidez da insanidade. Diante do abismo que pode te levar ao esquecimento de todas as coisas. Posso garantir que nesse pequeno lapso de tempo. É possível notar que tudo poderia ter sido mais fácil. Perdemos tempo com tanta bobagem.

É muito rápida a nossa passagem por aqui. Muito mais importante que deixar dinheiro é deixar um legado. Como são tristes as pessoas que só vivem para acumular. Que precisam imaginar que as suas posses as tornam melhores que as outras pessoas. E que dinheiro é absolutamente tudo. Não é!
É necessário para que honremos os nossos compromissos. Para que a vida em sociedade caminhe diante da normalidade.

Mas existem coisas bem mais importantes. Olhem ao redor. Constatem, descubram como a vida pode ser mais leve. E o que realmente é importante. Parece tão óbvio. Mas as vezes é preciso dizer o evidente, o inequívoco, o notório, o transparente.

A vida é sobre muito mais.

Hoje, como em todos os outros dias de minha vida eu agradeço a Deus.
Agradeço pelos erros que me ensinaram tanto. Agradeço pela humildade, simplicidade e capacidade de percepção que fui adquirindo através do tempo. Agradeço pelo meu despreendimento. Pelo meu modo de enxergar o outro. E pela minha força para resolver tantas coisas. Ainda que as pessoas não compreendam nossas ações. Importa que nós saibamos e sigamos em frente. Agradeço pela minha fé gigante. Por saber que Deus não nos abandona jamais.

Entendo com muita clareza que em tudo há um propósito. Não estou triste com as limitações que ora enfrento. Ao contrário, estou forte e convicta que nada é por acaso. Vou vencer mais esses obstáculos. E sair muito mais forte e melhor disso tudo.

Reparem!
Podemos fazer tanto e para todos. Não deixem espaços em suas vidas para coisas pequenas. Há muito a se fazer. Todo mundo pode ajudar um pouquinho. A grandeza de nossas vidas está em nossos corações. Saibamos exercer o verdadeiro amor que Cristo nos ensinou.

Abraços afetuosos a todos!
Obrigada! Muito obrigada pelo carinho imenso que recebi e tenho recebido de tanta gente.

PATRÍCIA LOPES DE OLIVEIRA
Escreve periodicamente no Blog do Toninho
Formada em Letras e Direito
Pesquisadora em projetos humanitários e culturais


 

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