“Desconstrução”, uma poesia de Patrícia Lopes de Oliveira

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Uma poesia de Patrícia Lopes de Oliveira
DESCONSTRUÇÃO


Liberta-dor!
Acordo!
Não gosto mais das roupas que combinam.
Os móveis tão perfeitos escracham as imperfeições tão latentes.
Não quero o mesmo caminho
Me entorto, me viro e respiro.
Não! Não quero a evidência, o óbvio, a tendência.
Quero a voz rouca do grito dado.
Quero abismar! Quero voar e despencar! Que doa!
Acordo!
Não sou mais eu que sou eu.
Não procuro respostas.
Não procuro nada além dos meus próprios passos dados a esmo.
Tanto faz onde vou, que rumo tomar? que objetivo alcançar?
Não quero me justificar a todo momento.

Eu quero a desconstrução!

A roupa colorida ou não, disforme, desabotoada, amassada, que não
combine com nada. Não tô nem aí para as opiniões concretas, pré-fabricadas, plastificadas, enumeradas, rotuladas. Não quero pensar a respeito.
Nunca mais um resquício sequer do comum, do que esperam de mim.

Libertador!
Liberta-dor!
Acordo!

O avesso, o lapso, o irreal, o controverso.
A liberdade de não se importar.
Ser, sem necessitar fazer sentido.
O abrigo de mim mesma.
Do resto a primazia do não pensar.

PATRÍCIA LOPES DE OLIVEIRA
Escritora

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