Créditos de carbono crescem sem regulamentação clara, alertam ONGs

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Foto: Reprodução

Uma das principais discussões da COP28 são os créditos de carbono, uma “ideia nova e ousada”, nas palavras do enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, mas sem regulamentação internacional, o que gera críticas das organizações ambientais.

A regulamentação deveria ser negociada em Dubai, mas organizações não governamentais alertam que pode haver outra operação de “greenwashing” (“maquiagem verde”).

Um crédito normalmente equivale a uma tonelada de CO2 absorvida graças a um projeto que visa, por exemplo, prevenir o desmatamento ou permitir a instalação de tecnologias de captura de carbono.

Os Estados Unidos propuseram um “acelerador de transição energética” que engloba planos de “aumento das capacidades de energia renovável”, “instalação de cabos elétricos” e até mesmo o “fechamento de centrais elétricas a carvão”.

As emissões de CO2 “evitadas” graças a estes projetos poderão gerar créditos, que podem ser utilizados pelas empresas e potencialmente pelos Estados, para compensar as suas próprias emissões.

Amazon, Bank of America, Mastercard, McDonald’s, PepsiCo, Walmart… uma dúzia de empresas competem para comprar créditos de projetos em três países “piloto”: Chile, República Dominicana e Nigéria.

“Isso poderia gerar dezenas de bilhões de dólares”, declarou John Kerry.

Esses créditos, garantiu, seriam “de alta qualidade” e não “como os que apareceram nas manchetes”, em referência às investigações publicadas nos últimos meses que questionaram a eficácia da grande maioria dos créditos de carbono que já estão em circulação.

Este anúncio é “uma cortina de fumaça que pretende desviar a atenção da irrisória contribuição dos Estados Unidos para o financiamento climático”, diz Erika Lennon, advogada do Centro de Direito Ambiental Internacional (CIEL).

Para responder às críticas, a administração americana afirma ter trabalhado com o Banco Mundial para estabelecer critérios de qualidade.

O Banco Mundial apresentou, na sexta-feira, um plano para permitir que 15 países em desenvolvimento tenham acesso ao mercado de carbono até 2028 graças à proteção das suas florestas, com critérios “exigentes”.

Os projetos de “crédito de carbono” ligados às florestas nativas são os mais criticados, devido ao seu impacto nas comunidades locais. JBr

 

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