Aquela xícara de café que você tomou depois do jantar não só te fez ficar se revirando na cama, como também alterou fundamentalmente o funcionamento do seu cérebro durante o sono. Novas pesquisas revelam que a cafeína não bloqueia apenas o sono; ela transforma o cérebro adormecido em um estado mais complexo e hiperativo, que se assemelha a estar mais próximo do pico de desempenho mental, de acordo com um estudo publicado na revista científica Communications Biology.
Ainda mais surpreendente: essa transformação cerebral induzida pelo café afeta os jovens adultos com muito mais força do que as pessoas de meia-idade, mostrando que sua relação com a cafeína muda drasticamente à medida que envelhecemos.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, analisaram as ondas cerebrais de 40 pessoas saudáveis durante o sono após consumirem 200 miligramas de cafeína (aproximadamente o equivalente a duas xícaras de café) ou uma pílula de placebo. Os participantes passaram duas noites em um laboratório do sono.
A atividade cerebral foi registrada usando eletroencefalografia multicanal ao longo da noite, e a equipe aplicou múltiplas abordagens analíticas para identificar padrões que distinguiam o sono com cafeína do sono sem cafeína. Os resultados mostraram que a cafeína impulsiona o cérebro para o que é chamado de “regime crítico” — um estado em que as redes neurais operam com máxima eficiência e complexidade.
A complexidade e a criticidade do cérebro estão ligadas ao desempenho cognitivo ideal, ao processamento aprimorado de informações e à maior flexibilidade mental. Quando seu cérebro opera nessa zona crítica, ele está essencialmente funcionando a todo vapor, processando informações com mais eficiência e mantendo uma melhor comunicação entre as diferentes regiões cerebrais. Globo