Altino Correia escreve…. “Uma prudentina que herdou as tradições da família”

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Dia de Finados
UMA PRUDENTINA QUE HERDOU AS TRADIÇÕES DA FAMÍLIA


Nascida em Presidente Prudente em 1939, a Profª Maria da Conceição D’Incao viveu seus primeiros 6 anos de vida na zona rural de Presidente Venceslau – mais propriamente na Fazenda Coroados – de onde se transferiu para a cidade. Foi lá que ela ingressou na carreira estudantil até alcançar seus 18 anos com a formação educacional de ensino médio. O que ocorreu com a conclusão do curso na Escola Normal, em outros rumos na Capital do Estado. Para isso, contou com o total apoio dos país: Profª.Arthuzina de Oliveira D’Incao e Mânlio D’Incao.

De uma cidade pacata como Presidente Venceslau, Conceição se transferiu para São Paulo e foi lá que ela concretizou seus sonhos, dando prosseguimento à carreira universitária. E o 1º curso que adotou foi o de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo – sem necessidade de cursinho – o que constituiu uma verdadeira proeza.

Enquanto isso, no passado em Presidente Venceslau, sua mãe (Profª.Arthuzina), assim como outros Professores com iniciação como pioneiros no Magistério Público eram obrigados a iniciar suas atividades na zona rural. Como justificativa: o deslocamento fazia parte de um projeto governamental. Era a política do Governo que estabelecia: “O Professor deveria começar sua carreira pela Escola Rural Isolada e só depois de cumprido determinado tempo, deveria ser removido para uma Escola Urbana”.

No Livro “Fragmentos” que a Profª Arthuzina de Oliveira D’Incao escreveu em 1982 relata que às 5hs da manhã, tudo ainda era escuro. E assim mesmo, ela se utilizava de um caminhão que a conduzia (sentada) ao lado do chofer e do ajudante até o Bairro Aymoré, onde ministraria sua 1ª aula. No caso específico: a Professora começou sua carreira na década de 1930 na Associação Escolar Teuto-Brasileira Aymoré – situada num núcleo de alemães – em Presidente Venceslau.

Lembra que logo ao chegar à cidade de Presidente Venceslau, enviou uma carta para o irmão no Rio de Janeiro, onde descrevia suas primeiras impressões sobre a localidade. “Estou muito bem instalada, no meio de várias colegas de exílio e na casa de uma boa senhora. E assim, até o fim do ano passarei (se Deus quiser minha vidinha aqui. Depois, eu prestarei concurso para a Escola de Aperfeiçoamento, ou então de remoção”.

Na cidade de Presidente Venceslau, a Profª Arthuzina de Oliveira D’Incao teve a felicidade de conhecer outra mulher que a surpreendeu logo na chegada. Era o vulto tranquilo de uma Farmacêutica na década de 1930, dando atendimento na única Farmácia existente na localidade e ostentando o slogan: Farmácia Popular – a Farmácia de Confiança ! Em terras tão longínquas, a Farmacêutica em questão era: Marfiza D’Incao (que por coincidência) veio a se tornar sua cunhada (em 1930), após conhecer e casar-se com o irmão da Farmacêutica. Anos mais tarde, com a elevação da cidade à condição de Comarca, conheceu sua conterrânea e 1ª Advogada a montar sua banca na localidade: Dra.Isabel de Campos, que nasceu no Rio de Janeiro e formou-se pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco em São Paulo.

A Profª Arthuzina que nasceu no Rio de Janeiro em 03 de Junho de 1917 faleceu no dia 30 de Setembro de 1998 e o Sr.Mânlio D’Incao – que se alistou como Voluntário e foi ex-combatente da Revolução Constitucionalista de 1932 – nasceu em Presidente Venceslau no dia 27 de Novembro de 1909 e faleceu no dia 24 de Março de 1989. O casal celebrou suas núpcias em 19 de Março de 1936 na cidade de Taubaté/SP e deixou quatro filhos: José Arthur, Maria Conceição (falecida), Maria Ângela e Maria da Penha D’Incao.

Enquanto isso, anos depois Conceição D’Incao (Socióloga e Livre-Docente), concluía seus estudos em Ciências Sociais pela USP, em São Paulo. Na sequência: UNICAMP. Recém-formada retornou à sua terra Natal (Pres.Prudente), para responder pela disciplina “Metodologia e Técnicas de Pesquisa Social” (por intermediação do Prof.Dr.J.F.Martins Bonilha) na FCT/UNESP e posteriormente UNESP/Araraquara. Aposentada a Profª.Drª. Conceição (que nasceu na Santa Casa de Presidente Prudente em 24 de Novembro de 1938 e faleceu em Maio de 2021) teve atuação destacada como Socióloga e Livre Docente, Professora Universitária e Estudos Sociais.

No denominado “Estado Democrático” implantado pelo então Governador Franco Montoro, a Profª.Drª.Maria Conceição D’Incao foi designada para atuar no “Programa de Alimentação e desenvolvimento rural e de geração de trabalho para a entressafra dos Boias Frias”. Depois dessa adesão ao campo de sociologia política, foi contratada em 1985 como Coordenadora de um novo Projeto de Pesquisa junto ao CEDEC e UNICAMP.

Já aposentada e ainda no contexto desse programa de cooperação, trabalhou por 5 anos, ministrando cursos na Universidade Federal do Pará. Objetivo: Foco especial nas pesquisas sobre os caminhos da construção da cidadania nas áreas de Reforma Agrária do Sul do Pará, com foco especial na questão da contribuição dos pesquisadores à maior adequação das metodologias do desenvolvimento rural.

Maria Conceição em vida, coordenou como docente da Unesp a programação comemorativa ao Cinquentenário de Presidente Prudente juntamente com o Prof.Marcos Alegre (de saudosa memória) e no decorrer dos anos também produziu dezenas de publicações relacionadas ao meio rural. Aliás, foi na zona rural de Presidente Venceslau que ela deu seus primeiros passos na Fazenda Coroados, propriedade da família D’Incao.

Livros de sua autoria – publicados – sob títulos os mais diferentes: “Boia Fria” –
Acumulação e miséria – Ed.Vozes, 1975 com 9 Edições: ”Qual é a questão do boia-fria” Ed.Braziliense 1984; “Nós os cidadãos – aprendendo e ensinando a democracia (em elaboração com Gerard Roy) – Ed.Paz e Terra – 1995. Alguns títulos estão à venda por preços especiais na Estante Virtual, com frete grátis.

ALTINO CORREIA
Jornalista
MTB 8.067


 

 

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