O consumo de abacate durante a gravidez pode reduzir o risco de o bebê desenvolver alergias alimentares no primeiro ano de vida, sugere um novo estudo, publicado em março no Pediatric Research.
Pesquisadores da Universidade do Leste da Finlândia avaliaram dados de 2.272 mulheres grávidas do Kuopio Birth Cohort, um estudo de longo prazo que acompanha mães e filhos na cidade finlandesa de Kuopio para investigar os impactos de fatores ambientais, genéticos e de estilo de vida na saúde materno-infantil.
As informações foram coletadas no primeiro e no terceiro trimestres de gravidez, entre março de 2013 e novembro de 2022. As mulheres foram divididas entre as que consumiam qualquer quantidade da fruta e as que não comiam nada. As alergias infantis – como as alimentares, rinite, chiado e eczema – foram monitoradas até os bebês completarem 1 ano de vida.
Ao final, os resultados mostraram que crianças cujas mães incluíam abacate na dieta tinham 43,6% menos risco de desenvolver alergias alimentares. Os autores encontraram 2,6% de alergia alimentar e/ou crise esporádica de chiado nos filhos de mães que consumiram a fruta; nos demais, esse índice foi de 4,2%. Não constataram associações com outras alergias, como dermatite atópica, rinite alérgica ou asma.
Segundo o artigo, o abacate é rico em compostos antioxidantes, vitaminas e minerais conhecidos por beneficiar o sistema imunológico e a saúde metabólica — características que conferem um perfil nutricional alinhado com a dieta mediterrânea, muito estudada por seus benefícios cardiovasculares. “Já havia evidências de que a dieta mediterrânea na gestação poderia trazer benefícios em termos de ocorrências de quadros alérgicos para o bebê no primeiro ano de vida”, diz o pediatra e alergista Victor Nudelman, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Mas isso não significa que o abacate é milagroso. Até porque a pesquisa não especifica a quantidade de fruta ingerida pelas mulheres, nem a frequência de consumo. Além disso, trata-se de um estudo prospectivo, baseado em informações telefônicas, e não houve laudo médico das condições das crianças.
“É importante notar que as mães que consumiam abacate tinham uma dieta mais saudável, um índice de massa corpórea menor na gestação e amamentaram por mais tempo. Todos esses fatores são favoráveis a proteger o bebê de alergias”, pondera Nudelman. AE