Falando do ET, nosso querido Ernesto Trautmann

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De repente, um Baque
É sempre assim. De repente, sentimos um baque com a morte de alguém. A morte do ET me causou isso, um susto. Estava em Ourinhos quando fiquei sabendo. De lá mesmo escrevi a nota para o blog falando sobre a tristeza que isso nos causa.

São muitos anos de conversa
Conhecia o ET desde os meus 18 anos. Eu o via duas, três vezes por semana na Companhia de Polícia na Penitenciária 1. Ele tinha um Passat todo equipado, com um baita som. Ele chegava na garagem da quadra fazendo um barulhão. Poucos sabem, mas ET foi Policial Militar por um tempo. Ele tinha 24 anos naquela época. Era um tempo em que já ele estava se destacando no mercado como um cara que mexia com áudio e fazia bailinhos.

Brincadeira dançante
Os bailes com som eletrônico da minha época eram chamados de “Brincadeiras Dançantes”, e foi nelas que ET se transformou no grande DJ que fez história pelo Brasil. Com um gosto musical apurado, ele rapidamente identificava o que era bom e dançante, colocando tudo isso nas festas onde trabalhava. Além disso, ele fazia mixagens incríveis, mantendo o ritmo das músicas para não interromper a dança de quem estava na pista. Genial.

Saiu da polícia
Fez tanto sucesso nas pistas e nos bailinhos por onde passava que acabou saindo da polícia militar.  Não lembro o ano em que deixou a farda, sei apenas que a carreira na música e nos eventos falou mais alto. Nesse processo todo, com a decadência dos bailinhos, ET foi parar em outras pistas, as de montaria, onde reinavam os famosos locutores de rodeio. Aí, ET finalmente pôde mostrar para todos o seu estilo, inovando ao cortar o som de fundo dos locutores com vinhetas, falas curtas e, pasmem, “rock ‘n’ roll”. Em meio aos temas country, ET surgia “derrubando tudo com alguma canção dos Rolling Stones, Beatles, Iron Maiden”…

Asa Branca
Isso tudo deixava Asa Branca ainda mais entusiasmado. Asa me disse muitas vezes que fazer um rodeio com ET era como jogar uma partida de futebol com Sócrates ou Zico. A verdade é que os dois formaram uma dupla e tanto e brilharam em lugares como Barretos e Jaguariúna. Um dia, em um rodeio em Presidente Venceslau, fiz uma visita no caminhão de som onde ET estava no momento em que Asa Branca narrava na pista na pista. Entreguei uma vinheta curta para o ET e pedi que ele a colocasse no ar. Era o trecho de uma canção que Asa adorava e que só nossa rádio tinha: “Amor, não me deixe agora. É cedo pra você dizer adeus. Hoje, nos seus braços, quero esquecer os pensamentos meus”. No corte da vinheta, Asa soltou: “Não faz isso comigo, ET. Assim, você e o Toninho Moré me matam…”

Bastidores
São histórias assim que nos lembram de um grande amigo, um profissional que encarou o mundo sozinho. Que tinha por sua profissão um amor incomum e que fez tudo por ela. ET era assim. Gostava demais do que fazia. Gastou tudo o que ganhou investindo em música. Ele deixa um acervo incrível.

São muitas coisas
ET prezava alguns amigos diletos. Um deles era o Luizinho Travolta. Por ele, tinha um carinho especial. Dois caras que sempre tiveram gostos musicais parecidos e, podemos até dizer, uma vida “meio igual”. Os dois eram solos. Comigo era diferente. Apesar de eu ser mais novo que ET, eu funcionava como um paizão. Comigo, ele deixava a alegria, o sorriso e as brincadeiras de lado e partia para o desabafo, relatos de coisas mais tristes. Funcionava assim.

Wagner Bueno
ET era um cara legal! Se importava com muitas coisas. Foi ele que me apresentou o Wagner Bueno, ainda menino. Chegou e disse com seu olho clínico: “Olha, esse menino aqui vai se tornar um grande locutor. Dê um espaço pra ele”. Eu o fiz, e Wagner está aí como um grande profissional. Um fato na história da extinta Jovem Som FM, que ficou por 34 anos no ar.

Últimos Meses
Esta foto que mostro nesta postagem foi feita através do celular do vereador de Caiuá, Maycon Henrique, que nos encontrou no estádio municipal daquela cidade em maio deste ano. Neste período vi e ouvi um Ernesto triste. Ele havia passado por um ataque de cão que deixou marcas em seu braço. Eu o senti intrigado com a chegada da idade e os percalços de noites mal dormidas devido à ansiedade constante. Depois do nosso primeiro encontro no começo do Campeonato Master, eu o via todos os finais de semana. Ele me aguardava no estádio para nos sentarmos juntos e conversar.

História
A vida nos traz surpresas, e a gente percebe que Deus às vezes antecipa a hora de alguém, talvez até para amenizar seu sofrimento. Vai com Deus, ET. Foi muito bom te conhecer e aprender contigo. Ah, adorei quando Maycon Henrique postou em suas redes sociais a foto publicada nesta postagem. Ele escreveu: “Eu, ladeado por duas lendas da região” e eu me achei, me sentido o máximo comparado com um cara igual ao ET.

Uma resposta

  1. Minha eterna gratidão ao Ernestinho como eu o chamava, se um dia existiu Bob Machado, tudo começou comigo carregando caixas de som quando ele ia tocar os bailes, depois foi ele me levou aos primeiros rodeios, comecei narrando touros mecânicos, depois ele arrumava os convites para eu montar em touros e dar uma canja nos microfones, perdi um companheiro de 40 anos de jornada! By Bob.

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