Os Estados Unidos acusam a Rússia de usar armas químicas contra Kiev. Se confirmado, esta não seria a primeira vez que armas internacionalmente condenadas ou controversas são usadas no conflito – por ambos os lados.A cloropicrina é um líquido oleoso e tóxico de odor extremamente forte. Em humanos, o contato com a substância pode provocar bolhas na pele, irritação nos olhos e dificuldade para respirar. E o mais perigoso: sua fumaça, uma vez inalada, ataca os vasos sanguíneos nos pulmões, provocando um edema pulmonar, com respiração ruidosa e expectoração espumosa e vermelha, o que pode levar à morte.
O efeito da substância, originalmente desenvolvida como pesticida, já era conhecido na Primeira Guerra Mundial. O Exército russo o transformou em arma química. Também foi usado pelo Exército alemão a partir de 1916 em granadas de gás contra os franceses no front.
Agora, mais de um século depois, o Departamento de Estado dos EUA acusa Moscou de usar a substância na guerra na Ucrânia, além de outros gases irritantes. O objetivo, segundo o Pentágono, seria forçar as forças ucranianas a abandonarem posições fortificadas, possibilitando, assim, o avanço tático dos russos no campo de batalha.
Se a acusação de fato proceder, seria uma violação da Convenção Internacional de Armas Químicas. Em vigor desde 1997, ela proíbe o desenvolvimento, produção, armazenamento e uso de armas químicas. O acordo também previa a declaração de todos os arsenais de armas químicas existentes e sua destruição sob supervisão internacional até 2012. O fato de isso não ter acontecido de forma abrangente ficou evidente na guerra da Síria, onde as forças do ditador Bashar al-Assad teriam realizado um ataque com gás venenoso nos subúrbios de Damasco em 2018.
A Rússia, que é signatária da Convenção de Armas Químicas, já foi dona do maior arsenal de armas químicas do mundo. Esse estoque teria sido destruído, segundo informação de 2017 da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq).
Embora o Kremlin negue o uso de armas químicas na Ucrânia, os atentados contra Sergei Skripal e Alexei Navalny sugerem que a Rússia ainda as tem e usa. DW