Recordação de infância

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Assim está a antiga casa de meus tios nos dias atuais.

Numa manhã de quinta-feira destes últimos dias, fiz o trajeto entre Caiuá e Presidente Epitácio por terra. No caminho, aproveitei para visitar a antiga sede da Fazenda Lagoinha, que se tornou um enorme assentamento. A visita foi motivada por um laço muito querido que mantenho com aquele lugar desde a minha infância.

Meus tios Geraldo e Nila (irmã de meu pai) trabalhavam nesta fazenda e moravam nesta casa na foto. Dos meus 9 aos 13 anos, passei as férias escolares lá, uma verdadeira festa junto com meus primos, filhos do casal: Zélia, Lourdes, Déia, Cida, Inês, Santina, Luiz e João. Além de mim, também vinham os primos que moravam em Presidente Prudente, Joãozinho e Nenê.

As atividades na fazenda eram completamente diferentes das da cidade. Acordávamos cedo e desfrutávamos de um café da manhã farto com pão caseiro, bolos, leite integral e café. Depois, íamos até um celeiro onde o milho seco em espigas era armazenado. Tínhamos que descascá-lo para alimentar os porcos. Esse era o nosso único trabalho árduo. Depois disso, era só diversão, com várias brincadeiras pelas pastagens, lindas e vastas em frente à sede da fazenda.

Explorávamos todos os cantos e até tínhamos uma rotina diária que incluía visitar uma cachoeirinha e a parte rasa do Caiuazinho, um riacho que passava a cerca de 100 metros da sede. Nossos tios não nos permitiam montar a cavalo, mas sempre acompanhávamos o trabalho dos peões lidando com o gado. Armados com estilingues, nos divertíamos mais atirando pedras em um alvo fixo do que tentando acertar pássaros.

A correria só parava quando decidíamos subir nas goiabeiras e mangueiras espalhadas por todo o lugar. Havia disputa para conseguir um bom lugar na fila do banheiro externo para tomar um banho frio.

A comida era algo surreal, com fartura à mesa. Muitos dos produtos ali eram produzidos na própria fazenda. À tarde, lembro-me com água na boca da canjica que minha tia sempre servia junto com pães, café e bolos.

À noite, meus tios se sentavam na varanda contando histórias sobre o campo, a maioria para assustar as crianças. Para dormir, alguns colchões eram colocados no chão e, depois de muitas conversas e risadas, o silêncio predominava com todos em um sono profundo.

Uma música de um dos discos de Milton Nascimento me transporta de volta a esse cenário. “Jeep na estrada. Tios na varanda. E o meu coração lá.” Era realmente assim. Para chegar à Fazenda Lagoinha naquela época, Zé Batata ou meu pai, ambos proprietários de jeeps, nos levavam e nos buscavam. Quando partíamos de volta para casa, era o jeep na estrada, o aceno de adeus dos tios na varanda e o coração que continuava “lá”. Como era bom. Toninho Moré

Respostas de 4

  1. Coisa mais linda primo… tempo maravilhoso que ficou gravado em nossa memória.

  2. Toninho querido, que coisa linda, foi o espaços onde todos nós primos nos encontrávamos nas férias e fortalecemos nossos laços fraternos. Gratidão por reavivar memória tão afetiva e feliz, beijo

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