Não é preciso ter levado chibatada, nem ter sido marcado por ferro em brasa, para sentir na alma as dores da tortura e nela trazer indeléveis as cicatrizes do açoite. Basta ser preto ou pardo ou, simplesmente, não ser branco. Quem teve na ancestralidade cativeiro e escravidão, carrega nos ombros o peso da história, projeta na imaginação o tronco do suplício, mentaliza o assombroso ruído do arrastar das correntes, não se liberta fácil dos grilhões do preconceito. Por isso, o resgate definitivo da dignidade humana para os herdeiros desse flagelo, não prescinde de reconhecimento e compensação pela vilania, nem admite tergiversação com racistas. Não há excesso de sensibilidade. Racismo não é sátira nem galhofa, é crime, e como tal deve ser tratado.
JRDO, em 26 de janeiro de 2024.
@joserobertodantasoliva
