Crônica
A CARTA QUE ESCREVI PRA DEUS
A carta que escrevi pra Deus ainda está no armário perto do corredor. As páginas estão manchadas pelas lágrimas. Foram muitas, foram únicas, foram todas suas.
A carta que escrevi pra Deus naquela tarde em que você se foi é retrato da mais profunda dor. Absurdo silêncio de meus sentidos, explodindo todo o clamor da minha alma que sangrava.
Naquele dia eu queria segurar nossa história, eu queria inventar um modo para que pudéssemos apagar tudo que nos matava lentamente, dia a dia…
Deus, como eu implorei por salvação!
Proferi palavras que inventei na agonia daquele momento.
E fiquei ali presa naquele segundo que sempre se repete, assistindo você se afastando, como se flutuasse entre o indizível da dor e o sagrado do amor.
Deus, eu lhe implorei que me perdoasse, e que o perdão bastasse para me redimir.
E o sofrimento não fizesse parte de mim. Esse amor era tudo e tudo não se resume.
E tudo não se vai assim…
A carta que escrevi pra Deus foi escrita pelo que sobrou de tudo que fui. Não mais os olhos, mas o olhar!
Não mais o abraço, mas desfeitos laços.
Fiquei ali assistindo você sair da minha vida.
Sabia que era pra sempre.
Amor perpetuado em tudo que sou, amor que o amor abandonou.
A carta que escrevi pra Deus, não era sobre você ou sobre mim.
Era sobre tudo que fomos
e sempre seremos.
Vai amor….
Vai ser festa nessa vida.
PATRÍCIA LOPES DE OLIVEIRA
Escritora