Morte dos pais e pandemia: entenda o que levou homem de 250kg a se isolar em casa cheia de lixo

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Bombeiros resgatam homem de 250 kg preso em 'montanha' de lixo em seu apartamento, na Espanha
Bombeiros resgatam homem de 250 kg preso em ‘montanha’ de lixo em seu apartamento, na Espanha Reprodução/Twitter

Resgatado por bombeiros nesta quarta-feira, Alejandro B., de 48 anos, vivia preso entre o lixo no porão de um prédio de apartamentos em El Prat de Llobregat, na cidade espanhola de Barcelona. Segundo os vizinhos, o espanhol deixou de sair de casa durante a pandemia. Anos antes, com a morte dos pais, ele já começara a demonstrar os primeiros sinais de problemas psicológicos.

A mãe de Alejandro faleceu quando ele ainda era criança, e o espanhol foi criado pelo pai, morto anos depois em um acidente de trânsito.

— Desde então, Alejandro não foi o mesmo: começou a se isolar , ficou mais esquivo… Acho que aos poucos foi entrando em depressão — relata um vizinho ao jornal El Periódico.

Descrito como “uma boa pessoa e inteligente” pelos conhecidos, Alejandro é professor de xadrez e estudou ciência da computação. Durante anos, o espanhol trabalhou em um aeroporto, para onde ia todos os dias, apesar dos problemas de mobilidade que tinha pela obesidade mórbida.

— Uma van trazia e levava, e só nos quatro degraus até a casa dele, lá embaixo, demoravam 20 minutos — lembra outro vizinho.

Em 2020, assim como os demais moradores da região, deixou de sair de casa por conta do isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19. Terminada a crise de saúde global, seguiu sem ser mais visto pelos vizinhos.

— Uma vez por semana batia na porta dele caso ele precisasse de alguma coisa, caso ele estivesse bem… eu dava meu telefone caso ele precisasse de alguma coisa… mas eu sempre Ele disse que estava bem, para deixá-lo sozinho, que estava muito pesado — relata uma vizinha ao El Periódico.

O serviço de saúde de Barcelona começou a tratar Alejandro em 2003. Um arquivo inicial foi então aberto.

— Ele foi visitado em casa, foi constatado que sofria de obesidade mórbida e um certo acúmulo de coisas — explica Arnau García, chefe de ação social e comunitária da Câmara Municipal de El Prat.

Em 2012, novamente os serviços públicos de saúde e sociais intervieram perante um agravamento do quadro de Alejandro, a quem trataram durante dois anos “até que a situação se considere normalizada”. Eles não detectam mais “nenhuma situação anômala” desde então.

Os vizinhos, no entanto, garantem que alertaram por diversas vezes. O sistema de saúde tem quatro alertas, em 2015, em 2018 e em outubro de 2022, quando vão à casa, mas Alejandro não abre a porta para eles.

— Não há indicação de condições insalubres ou mau cheiro, os vizinhos apenas nos alertam que não o veem — disse García.

Ao verificar que se encontra em casa, supostamente bem, conforme afirma, não é feita qualquer outra intervenção. No prédio, por outro lado, relatam uma grave preocupação com a saúde do homem, com quem falavam alto da porta, porque ele não saía.

— Ele respondeu que estava bem e não podíamos fazer muito mais — explicam os vizinhos.

O Globo
09:25:03
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