Trombose de Raniel, do Santos, pode ter ligação com coronavírus

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O atacante Raniel, do Santos, passou por cirurgia na noite de domingo para drenar um hematoma na perna direita, em razão de uma trombose venosa profunda. O jogador está internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O atleta foi infectado pelo novo coronavírus há cerca de um mês e a doença pode ter ligação com o vírus.

De acordo com especialistas ouvidos pelo Estadão, a trombose pode ser uma sequela da covid-19. Há casos de pessoas que tiveram problemas meses após contraírem o vírus. “A covid pode ter ligação com o fato, pela sua enorme capacidade de causar doenças inflamatórias vasculares, comprometendo o endotélio (camada de célula que reveste os vasos sanguíneos), causando uma endotelite (espécie de inflamação) que pode ser aguda ou crônica”, disse Margareth Dalcolmo, pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz.

O médico infectologista Alexandre Vargas Schwarzbold destacou que muitas doenças podem aparecer em pacientes mesmo após eles estarem curados. O problema é que a covid-19 afeta as células que cobrem os vasos sanguíneos, por isso ocorrem casos como trombose e AVC em diversas pessoas.

“Não há como excluir que a trombose tenha ligação com a covid. As complicações em razão da covid podem levar alguns meses, como deve ser o caso dele. Os jogadores viajam muito de avião e isso pode afetar também. Por isso, sempre que há voos internacionais mais longos, a recomendação é se movimentar para evitar o tromboembolismo”, disse o médico, que é presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia do Rio Grande do Sul e professor da Universidade de Santa Maria-RS.

Ele ainda lembra que o porte físico de Raniel reforça a ideia de que o coronavírus pode ter causado o problema. “Óbvio que não tem como assegurar que a covid causou isso, mas é incomum um jovem não obeso ter trombose venosa.”

Margareth Dalcolmo lembra também que o atleta pode ter uma predisposição para contrair doenças vasculares. “É preciso saber se o jogador é ou não portador de alguma condição de trombofilia (tendência ao surgimento de trombose), que é uma condição genética. Mas só é possível detectar isso em exames muito sofisticados”, explicou a médica.

Estadão Conteúdo
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