Previdência: por que a nota do Brasil caiu em ranking que compara 39 países

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O Brasil caiu três posições no Índice Global de Sistemas Previdenciários de 2020, realizado pela Mercer. Esse ranking compara os regimes de previdência de 39 países em três quesitos: adequação, sustentabilidade e integridade.

No índice geral, o país ficou na 26ª colocação, com 54,5 de pontuação. Quando se quebra a nota pelas categorias analisadas dá para ver que o Brasil não se saiu tão mal nos quesitos adequação (72,5) e integridade (70,7).

“A nota de adequação não foi das piores, está bem próxima dos países que estão no topo do ranking, como Holanda e Dinamarca. Não é aqui que o país vai mal. Com um teto de R$ 6.100, o Brasil possui uma aposentadoria adequada para a maioria da população, ela cumpre seu papel de reposição”, afirma Felipe Bruno, líder de Previdência da Mercer Brasil.

Segundo ele, o Brasil também não ficou nas piores colocações no quesito integridade. “Temos algum nível de erro e fraude, mas que é marginal perto do gigantismo do sistema. Em termos gerais, vai bem em governança.”

Então qual é o problema? O calcanhar de Aquiles é a sustentabilidade do sistema, que é a capacidade de se manter no longo prazo. “Nesse quesito, somos o antepenúltimo do ranking, à frente apenas da Áustria (22,1) e da Itália (18,8). A nota da Holanda é 79,3”, diz Bruno.

Por que estamos tão ruins? Para Felipe Bruno, um dos problemas do Brasil é a alta dependência da previdência pública e a baixa penetração da previdência privada. “Nos países que estão no topo do ranking, 90% da população economicamente ativa está vinculada à previdência complementar. Quando existe essa figura, a população depende menos da previdência pública. No Brasil, a penetração é de menos de 15%”, afirmou ele.

Outro problema, segundo ele, é reflexo da crise causada pela pandemia de coronavírus. “A crise impactou a previdência à medida em que reduziu a base de financiamento, pois o desemprego reduziu o recolhimento tanto para a previdência pública quanto para a complementar.”

Para piorar, o ambiente de juros baixos torna mais desafiador a necessidade de garantir o mesmo patamar de valor aos benefícios que serão pagos no futuro.

Mas dá para virar o jogo? Bruno diz que sim. Uma das saídas apontadas por ele é justamente incentivar a previdência complementar. Números do setor mostram que os recolhimentos para a previdência complementar já começaram a se recuperar.

Além disso, segundo ele, os efeitos da reforma da Previdência ainda não foram sentidos, pois ela prevê um período de transição. “Os efeitos finais da reforma vão começar a ser sentidos no longo prazo.”

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