Guilherme Moré escreve…. “Desgoverno atingiu o futebol”

Início » Blog » Guilherme Moré escreve…. “Desgoverno atingiu o futebol”


Opinião
O DESGOVERNO ATINGIU ATÉ O FUTEBOL


Escrevo este texto para externar a minha tristeza, preocupação e repúdio ao comportamento da Diretoria do Flamengo, que traduz desrespeito à ordem, à moralidade, à vida e, principalmente, à Lei.

Antes de mais nada, peço licença apenas para lembrar o que diz a nossa Constituição Cidadã de 1988, em seu artigo primeiro:

“A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito  Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana”; (grifei)
IV – (…)

O artigo 5º, que trata dos direitos e garantias fundamentais, estabelece, ainda o DIREITO À VIDA como inviolável, ao lado de outros direitos correlatos também muito importantes, como a liberdade, igualdade, segurança e propriedade.

Vamos aos fatos.
A polêmica atitude protagonizada pela Diretoria rubro-negra, que esta semana tomou conta dos noticiários esportivos ao buscar tratamento diferenciado em detrimento dos demais clubes, trouxe à tona uma discussão que extrapola o nosso amado, porém sofrido futebol brasileiro, que está em situação de penúria por conta de dirigentes irresponsáveis, descaso político e, sobretudo, interesses não republicanos que, não raras vezes, prevalecem.

A Diretoria do Flamengo, está se superando a cada dia que passa, pois embora seja entusiasta e uma das grandes responsáveis pelo retorno precoce do futebol (e volta dos torcedores ao estádios, o que, felizmente, não vingou ainda), agiu, mais uma vez, de forma imprudente e desidiosa com seus atletas em recente viagem ao Equador deixando de lado todos os protocolos previamente fixados entre a CBF e demais times, contrariando regras das autoridades de saúde e sanitárias, culminando em uma contaminação em massa de seus atletas e comissão técnica. E, para se “safar”, tentou criar uma regra específica em seu favor, tentando cancelar a partida contra o Palmeiras, ocorrida domingo.

Pois é! O Flamengo, representado pela sua Diretoria, no mínimo, inconsequente (e por isso não está a altura de sua grandeza e glórias) continua a agir de forma irresponsável em mais um assunto sério como o que está relacionado à COVID-19. E, de acordo com a situação que se depara, muda, balizando suas atitudes e pleitos apenas em seus critérios subjetivos de conveniência, muitas vezes contrários à ordem preestabelecida. Ou seja, “briga” para o retorno do futebol, mas não cumpre protocolos de segurança, gera contaminação e depois quer cancelar jogos em razão de sua irresponsabilidade. Estaria, portanto, acima de tudo e de todos? Será que já pararam pra pensar que, se o torcedor (também protagonista do futebol) voltar aos estádios de forma precoce e sem planejamento adequado, teremos um aumento considerável de casos de COVID-19 e de mortes? Será que pensaram que quem vai ao estádio usa transporte público e, na maioria das vezes, não faz parte da classe mais privilegiada da população (que possui plano de saúde, moradias confortáveis, e acesso aos hospitais particulares) e que isso irá impactar no sistema de saúde em vias de um colapso, principalmente no falido Estado do Rio de Janeiro? Será que pensaram que muitas vidas serão perdidas e que poderemos atingir um nível de comprometimento muito pior da população pela COVID-19 se agirmos dessa forma que visa tão somente interesses financeiros de clubes em detrimento da população? Por quais motivos não seguiram as recomendações de segurança em sua viagem ao Equador? A demissão do funcionário que publicou fotos da “aglomeração” e ausência de usos de máscaras no Equador seria a solução adequada e eficaz para a situação?

Apenas para ilustrar a ausência de comprometimento moral, ético e certeza da impunidade da Diretoria rubro-negra, passo a me referir a um outra triste história, a tragédia ocorrida no Ninho do Urubu, em fevereiro de 2019

Apenas para ilustrar a ausência de comprometimento moral, ético e certeza da impunidade da Diretoria rubro-negra, passo a me referir a um outra triste história, a tragédia ocorrida no Ninho do Urubu, em fevereiro de 2019, na qual foram ceifadas, de forma precoce e criminosa, a vida de 10 adolescentes humildes que carregavam, mediante privações de seus familiares, o sonho serem jogadores de futebol de sucesso. Além de concorrer de forma dolosa para as mortes (pois ao que se sabe, as “gambiarras” já tinham sido mapeadas muito antes – a exemplo da necessidade urgente de eliminá-las), o Flamengo age com descaso, tendo apenas feito acordo com menos da metade das famílias dos “meninos”, além de usado de todos os recursos e estratégias jurídicas para obstar o pagamento de pensão mensal de insuficientes R$10.000,00 (dez mil reais) para a famílias atingidas pela tragédia. Brigam por ideais morais, éticos e humanos equivocados. E usam os fatos apenas para benefício próprio (“ora para lá, ora para cá”), como se estivessem acima de tudo e de todos, em atitude de desrespeito e descaso ao ordenamento social e jurídico vigente. A certeza da impunidade impera.

Ora, se estivéssemos em um País minimamente sério, ao menos o Presidente do Flamengo deveria estar preso, juntamente com seus asseclas diretos, responsáveis pela conservação da ratoeira chamada Ninho do Urubu.

Infelizmente, temos visto que nem mesmo o futebol, que é a “coisa” mais importante que temos dentre as menos importantes, têm sido poupado. Uma inversão total de valores, bem similar àquela que temos presenciado pelas atitudes do nosso governo (ou melhor, desgoverno) na condução dos assuntos de interesse da Nação.

Espero que a discussão deste texto gere um debate construtivo que alcance a conclusão de que paralisação do campeonato possa ser uma boa alternativa ou, ao menos, que tenhamos a volta de torcedores somente com a segurança e dignidade necessárias, que ainda não temos. O direito à vida é inviolável e seu respeito é dever de todos, sem exceção. A vida é o maior bem que temos! Sem vida, não há futebol.

Renovo a minha fé e a esperança de termos dias melhores. E que Deus nos proteja!

LUIS GUILHERME DIAS MORÉ
Advogado Corporativo/ São Paulo

17:02:23

Uma resposta

Agropecuária-COnfiança-1
bdacc542-04d3-4802-82a7-536288efbb5a