Editorial. “Não podemos baixar a guarda”

Em defesa da vida
O momento exige pulso e responsabilidade. Quando se sabe que temos cinco casos de Covid-19 confirmados em Presidente Venceslau, três dos quais resultaram em mortes; 13 casos suspeitos e, segundo declarou o próprio prefeito Jorge Duran, estimativas que de 1.200 a 1.300 pessoas estariam infectadas, ceder a pressões não é opção aceitável.

Não pode haver hesitação e o dilema, se existente, é falso: a vida prevalece sobre a economia. A ordem é salvar vidas, ainda que isso afete, mesmo gravemente, a ordem econômica. Esta deve estar a serviço da vida, do bem estar e da saúde do ser humano, e não o contrário.

Ora, num município com população projetada pelo IBGE em 2019 de 39.516 pessoas, é assustador o anúncio de que de 1.200 a 1.300 delas estariam contaminadas pelo Coronavírus, ainda que muitas sejam assintomáticas.

É caso de entrar em pânico?  Logicamente não. Mas não também de leviandade.
Boletim epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde no último sábado dá conta que São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Amazonas e Distrito Federal caminham para uma “aceleração descontrolada” do Coronavírus e podem estar deflagrando a fase mais agressiva de contaminação.

Não há, em tais localidades, qualquer indicação de que o isolamento social deva ser revertido. Pelo contrário. Se há possibilidade de crescimento exponencial de transmissão do vírus, a recomendação é de que o isolamento deve ser reforçado, sob pena de o sistema de saúde entrar em colapso.

Diante do anúncio oficial feito em rede social do município, a probabilidade de aceleração descontrolada em Presidente Venceslau é real, especialmente por ter sido também oficial a notícia de que o processo de contaminação comunitária teria sido deflagrado em congresso que teria reunido perto de 500 pessoas, em meado de março deste ano.

O quadro é, preocupante. Levantamento proporcional pode posicionar o município entre aqueles que apresentam gravidade elevada na disseminação desse que é o inimigo público mundial número 1.

Se a situação não é ainda extremamente crítica, é possível que isto se deva justamente a medidas rígidas seguidas até aqui pelo município. O próprio prefeito, anteriormente, já declarou que, se agisse em desconformidade com determinações da OMS, do Ministério de Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde, poderia ser responsabilizado inclusive no campo penal.

Com cenário tão alarmante, sem possibilidade de testagem em massa, com um sistema de saúde que já passava por enormes dificuldades antes mesmo da pandemia, seria temerário – para não dizer, em tese, fatídico – flexibilizar normas de isolamento no município neste momento.

Que o bom senso e a responsabilidade prevaleçam!

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