Com ameaça de violência e em meio à pandemia, Papa Francisco chega ao Iraque para viagem histórica

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Ao pousar no aeroporto internacional de Bagdá nesta sexta-feira, o Papa Francisco iniciou uma das mais importantes, controversas e arriscadas viagens de seus oito anos de pontificado. Na agenda, visitas a locais de massacres de cristãos, reuniões com líderes islâmicos e um olhar sobre as origens bíblicas das maiores religiões do mundo. Ao mesmo tempo, o momento da viagem, em meio à pandemia do novo coronavírus, e as questões de segurança podem se sobressair mais do que gostaria o Vaticano.

O caminho de Francisco começa pelo bairro bagdali de Karrada, na Catedral da Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde 58 pessoas morreram em 2010 em um ataque da rede terrorista al-Qaeda. No sábado, em Najaf, ele se encontrará com o aiatolá Ali al-Sistani, uma das principais lideranças xiitas no mundo árabe. Ao longo de seu pontificado, Francisco se aproximou de nomes influentes no islamismo, incluindo o imã da Mesquita de al-Azhar, no Egito, um dos mais importantes centros de estudos do Islã.

Um dos grandes momentos será a ida à cidade histórica de Ur: pela tradição bíblica, ali nasceu Abraão, apontado como o patriarca das três maiores religiões monoteístas do mundo: cristianismo, judaísmo e islamismo. Francisco ainda vai orar com representantes de comunidades religiosas minoritárias, como os yazidis.

No domingo, o Papa visitará a província de Nínive, no Norte iraquiano, parcialmente dominada pelo Estado Islâmico até 2017. Em sua capital, Mossul, milhares de cristãos foram mortos pelos extremistas, que também destruíram algumas das centenárias igrejas da cidade. Ali, prestará uma homenagem às vítimas da violência religiosa, e verá em primeira mão o longo processo de reconstrução da comunidade. Nesta quinta-feira, Francisco enviou uma mensagem pregando a reconciliação no país.

“Vou como peregrino (…) implorar ao Senhor perdão e reconciliação após anos de guerra e terrorismo (…) e vou a vocês como um peregrino da paz”, disse o Pontífice na mensagem.

Na última escala, no Curdistão iraquiano, será realizada uma missa em um estádio de Irbil, cidade fundada há mais de 4 mil anos e que serviu de porto seguro para milhares de pessoas que fugiram do Estado Islâmico. Dali, voltará para Roma, marcando o fim de uma viagem que deveria ter ocorrido em2020, mas foi adiada por conta da pandemia.

— Toda uma comunidade e todo um país poderão acompanhar essa jornada pela imprensa e saber que o Papa está lá por eles, com uma mensagem de que é possível ter esperança mesmo nas mais complicadas situações — afirmou à imprensa o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni.

Lar de uma das mais antigas comunidades cristãs do mundo, o Iraque era o único dos países citados na Bíblia a jamais ter sido visitado por um Papa. No final dos anos 1990, João Paulo II esteve bem perto de fazer essa jornada, que acabou não se realizando. Hoje, quase 18 anos depois da queda do ditador, Francisco encontrará um país mais integrado à comunidade internacional, mas com sérias questões sociais.

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