Dietilenoglicol relacionado ao caso Backer já matou 750 em 10 países

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Altamente tóxico, o dietilenoglicol (DEG), agente químico encontrado nas cervejas da indústria mineira Backer, segundo a investigação em curso em Minas, está envolvido com episódios de envenenamento em massa que causaram mais de 750 mortes em 10 países. A substância foi encontrada nas cervejas da indústria mineira Backer e está associada à intoxicação de 19 pessoas, sendo que quatro delas morreram. Apesar do caso Backer, a maior parte das ocorrências de intoxicação pela substância estava relacionada a preparações farmacêuticas.

Estudo sobre o dietilenoglicol, publicado em 2017 na revista médica Clinical Toxicology, da Academia Americana de Toxicologia Clínica, lista episódios nos Estados Unidos, África do Sul, Nigéria, Bangladesh, China, Panamá, Espanha, Índia, Argentina e Haiti desde a década de 1930.

O envenenamento por dietilenoglicol não chega a ser uma ocorrência comum, mas todos os casos tiveram uma alta mortalidade, segundo a publicação. “A maior parte dos casos documentados se relaciona a epidemias em que o DEG foi usado em preparações farmacêuticas em substituição a glicerinas e a glicóis mais caros, porém praticamente não tóxicos”, informa.

O dietilenoglicol é um líquido transparente, praticamente sem odor, viscoso e com um sabor adocicado. O agente é rapidamente absorvido e distribuído pelo corpo. “As próprias características físico-químicas – sem odor, levemente adocicado e boa dissolução na água, constituem risco para essa contaminação. As substâncias tóxicas geralmente têm característica que já repele”, afirma a professora de toxicologia da Escola de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Leiliane Coelho André.

O primeiro registro de intoxicação pelo dietilenoglicol é de 1937, quando 105 pessoas morreram nos Estados Unidos. A substância foi usada em um composto de sulfanilamida, medicamento com ação antimicrobiana. Quase um terço dos 353 pacientes que tiveram contato com o produto, atualmente pouco usado, morreu. O caso alterou a legislação norte-americana para a produção de medicamentos. Na época, o presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, determinou que todos os medicamentos fossem obrigados a passar por teste na Agência Federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (FDA, em inglês) para obter licença de venda.

Estado de Minas Gerais/Flávia Ayer
17:00:03

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